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coisas pra lembrar de esquecer

by edu marin

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1.
pensei na morte sem querer com uma espécie de alívio precisei pensar de novo pra não pensar nunca mais quase uma idéia obrigatória pra quem ta no meio do caminho mas tem certeza absoluta de que o caminho acaba lá foi pra poder saber o tamanho do meu medo foi pra poder medir o tamanho da minha solidão dizer adeus sem nunca ter se despedido é crueldade de quem não tem compaixão fui por meus pés na beira do abismo pra ver de longe o que restou do meu coração agora que você partiu entendi que não tenho medo nenhum agora que você se foi, minha solidão ruiu dizer adeus sem nunca ter se despedido é crueldade de quem não tem compaixão levei meus pés pra beira do infinito pra ver de longe o que restou do meu coração
2.
quero esquecer a bomba lançada, o corpo no chão um tiro no olho um na cara da velha o rapaz de joelhos e o garoto no camburão o cara de bici na grama a fumaça subindo, mais gente no chão o sangue lavando o cabelo os olhos trincando e a cara de raiva do cana com o porrete na mão quero esquecer mas não vou quero esquecer mas não vou quero esquecer a bomba estourada o ferro na mão o grito do cana o medo da velha o casal apanhando o menino no camburão a bici jogada na grama o nego lutando, com a cara no chão o asfalto ficando vermelho a calçada voando e a coragem do mano pedindo calma pro pelotão quero esquecer mas não vou quero esquecer mas não vou
3.
vendo-me 03:07
tenho um mar dentro de mim tenho um sol dentro de mim uma montanha dentro de mim uma tempestade, um furacão e uma curva de rio tenho uma cidade dentro de mim uma ponte uma calçada um meio fio um som uma lembrança vaga tenho um mar dentro de mim tenho um tempo que passou uma ilha e um sentimento de perda
4.
quatrocentas vezes te impedi outras tantas vezes disse não muitas outras vezes repeti vou deixar de ser casa, morada, um lugar vento, açúcar e sol noite, madrugada e sereno vou deixar tudo lá cada canto com seu segredo cada quarto de hotel todo traço de desespero corpo, sossego e perdão muro, escotilha, espelho janela, pilar, maresia não corro na porta pra olhar não vejo você pelo espelho não olho pra trás respirei
5.
perdi você de vez naquela manhã teu corpo frio ali já sem você por que o silêncio assim não se agarrar no amor por que morrer enfim, na solidão será que foi feliz será que perdoou será que me contou e eu não ouvi triste canção de amor e solidão
6.
menino 02:51
menino olhando de lá olhando de cima e de longe ele é um ponto que passa olhando daqui o ponto é um homem que faz seu caminho devagar vai descendo sem pensar olha o céu de relance, fechou salta para desviar segue firme seu rumo some no metro olhando pra lá por trás da vidraça um homem que pede por favor um outro que grita e se espalha pra um monte de outros que esperam a vinda de um novo salvador cruza a rua sem olhar num instante ta vivo noutro vira fumaça senta para respirar que cidade doída que povo sem calor olha só, meu amor, já faz tempo que o menino sumiu e ninguém nem notou já faz tempo que a cidade ruiu e ninguém notou
7.
casco 03:29
é como um casco que derrete na água que sempre o segurou é um silêncio doído é o silêncio do tempo corroendo cidades, palavras, pessoas se não é em silêncio não é o tempo é a falta é a farsa é a raiva é o destempero há muito tempo grito pra calar o silêncio que está dentro de mim há muito tempo grito pra calar o silêncio que está dentro de mim
8.
ausência 03:07
as crianças sádicas e os panelões de sopa são inofensivos diante desta gaiola vazia a covardia e a coragem a dignidade e a desonra são variantes da cor da gravata do palhaço se comparadas a esta gaiola vazia eu posso amar ou destruir minha existência – o que quer que eu faça não altera em nada a gaiola vazia
9.
minha mãe está cada vez mais triste minha irmã está cada vez mais triste meu pai está cada vez mais triste – embora esteja mais alegre também – minha sobrinha está cada vez mais triste e até meu cunhado está mais triste se minha avó estivesse viva estaria triste minha avó que está viva está muito triste meus tios disfarçam mas é evidente que sentem o rosto murcho de tristeza sobre meus primos prefiro não falar passam as noites definhando sobre a lua e meu avô só não está mais triste porque está morto e quando estava vivo era o homem mais triste deste mundo se eu tivesse um filho ele seria triste se fosse a alegre ficaria triste e mesmo que odiasse sua tristeza nunca seria nada mais que triste
10.
um dia 02:46
um dia um poste um prédio um ponto um prego um pare um passe um pisa um prende um pico um pau um porto um posto um poço um peixe um passo um peito um disse um diz um dá um deve um doido um dolo um dado um dente um disco um dito um duto um drops um dia desce a rua devagar cruza a cidade sem medo desce sem olhar pra trás cruza a cidade sem medo

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released April 23, 2014

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edu marin Sao Paulo, Brazil

Visual Artist and songwriter from são paulo, brasil

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